terça-feira, 29 de abril de 2008
Um grande sonho
Para a Grécia, depois de pesquisar alguns preços e sites, fiz a reserva hoje do vôo: para Atenas, em outubro, por 100 euros ida e volta - o que eu considero muito barato. De lá, claro, tentarei ir a alguma ilha. Como outubro é baixa temporada, os preços são bem camaradas: em um hotel, a estadia para casal sai por 40 euros. Muito mais barato, por exemplo, do que ir para a Itália, considerando-se o padrão do hotel. Enfim, as coisas aos poucos vão acontecendo. Mas não pensem que estou indo à Grécia à toa: pesquisa de campo, claro, pois estudo tragédias.
domingo, 27 de abril de 2008
Encontros e despedidas
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Hoje finalmente fui conhecer o Sacré-Coeur. Lugar muito agradável e especial de Paris, com uma imensidão de turistas. O dia estava muito agradável: sol, 23 graus. Consegui andar de blusa de manga curta pela primeira vez desde que cheguei. Fotos aqui, no álbum.
sábado, 26 de abril de 2008
Camille Claudel
Camille Claudel apresenta muita força e emoção em suas esculturas. Não cheguei a entrar no museu para ver as obras de Rodin (este é um dos museus que oferecem entrada gratuita no primeiro domingo do mês), mas a obra de Claudel emana uma melancolia e sentimento muito fortes, mais do que as do próprio mestre e amante (pelo que pude ver no jardim). Embora as faces das criaturas esculpidas, em obras como Sakountala ou L'âge Mûr, não sejam muito definidas, o conjunto (corpo, movimento, posição do rosto) apresenta ora desolação, ora desespero, ora paixão. É impressionante.
Em qualquer exposição temporária nos museus de Paris, a fotografia é proibida. Nos acervos permanentes, é possível fotografar sem flash. Mas eis um fato muito curioso e divertido: um dos guardinhas da exposição "autorizava" um senhor, pareceu-me fotógrafo, a clicar algumas peças. Pelo que pude acompanhar, na verdade, ele fotografou quase todas. Os dois conversavam em torno de uma obra, o guardinha ficava olhando para ver se ninguém vinha e autorizava. Perante qualquer perigo de serem pegos, ele dava um sinal e o senhor guardava a máquina fotográfica. Eu mesma, vendo tais peripécias, aproximei-me dele e pedi para bater uma foto. Mesma estratégia: escolhi uma e cliquei, enquanto ele tomava conta da situação. Uma senhora, vendo que eu bati uma foto, foi atrás. Mas, coitada, um outro guardinha veio chamando-lhe a atenção: "Senhora, sem fotos!"
O jardim do museu é uma coisa à parte: lindo, lindo. Ao longo dele é possível encontrar várias esculturas de Rodin em bronze, algumas famosas, como Les bourgeois de Calais, La porte de l'Enfer e Le Penseur. Quem viu Camille Claudel, filme com Isabelle Adjani e Gérard Depardieu, relembra a história das principais peças. Algumas fotos no álbum.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Penúltimo capítulo
No capítulo de hoje, eu estava na fila do térreo para passar pela primeira triagem: eis que eu vejo não a senhora de voz estridente que gosta de dispensar as pessoas, mas um rapaz sereno e que mandava todo mundo para o primeiro piso. Faltando duas pessoas para a minha vez, ela surge imponente escada abaixo: a senhora gordinha da voz de taquara-rachada. Primeira taquicardia. Mas dali eu sabia que saía rapidinho. Ela imprimiu minha senha - mas antes dispensou uma menina - e eu subi.
No andar de cima vi a mocinha que protagonizou o bate-boca e me mandou para casa aos prantos. Felizmente, fui atendida por outra pessoa. A funcionária de hoje era calma, gentil, diria até que graciosa. Ela viu minha documentação, soltou um "très bien" e pediu-me que esperasse (detalhe importante: em nenhum momento ela falou em inscrição formal na universidade). Segunda taquicardia. Dali a instantes ela me chamou novamente, entregou-me toda a documentação original, imprimiu meu título de séjour temporário e me encaminhou para marcar o exame médico. Très bien, pas de problème! Por que estresse?
Curiosidade: no andar térreo, na primeira triagem, a gente encontra os funcionários mais enérgicos. Lá é o verdadeiro furdunço da Prefeitura de Polícia; é onde estão inúmeros estrangeiros, muitos com informações desencontradas e sem saber exatamente como proceder. No primeiro andar, com suas cabines e atendentes, o humor varia. Hoje, por exemplo, todos estavam calmos, pois havia pouca demanda. Alguns até bocejavam, outros lanchavam. Há um número bem menor de estrangeiros solicitando o séjour por ali. Segundo andar: não é mais triagem, já é a reta final. Quem está ali, passou pelo crivo de todos os outros olhos e avaliações. Quantas pessoas estavam lá? Somente eu. Quantas pessoas já haviam passado por lá? Segundo as anotações do rapaz que me atendeu, não mais que oito pessoas. Para onde vão todos aqueles que formam uma imensa fila à porta da Prefeitura de Polícia logo cedo?
Também é interessante observar o quanto temos de nos apresentar na Polícia, mesmo no tempo curto que aqui permanecemos. O visto que é pego no consulado vale por 3 meses. Aqui, precisamos pegar o séjour, que vale por 1 ano, mas antes há um recibo que vale por 3 meses também. Caso não façamos o exame médico, não conseguimos a carte. 3 meses antes de vencer o prazo do visto de residente temporário, é preciso retornar à polícia para renovar o titre. Enfim, nessa brincadeira toda, a cada 3 meses temos de nos apresentar à polícia e dizer: "Olha, eu ainda estou aqui, legalmente, mas vou embora logo!"
Dia 20 de maio será o dia do exame médico e quando pego a carte de séjour definitiva, válida por 1 ano.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Dia das reservas
A outra reserva foi do albergue em Roma: Ottaviano Hostel ou Pensione Ottaviano. O mesmo em que Pablo e Lívia ficaram; aliás, escolhi por indicação, pois fica a dois passos do Vaticano. E como não conheço Roma, achei prudente partir de uma informação concreta.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Causos de biblioteca
terça-feira, 22 de abril de 2008
Île de Saint-Louis
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Ainda sobre comida
Pablo já tinha me indicado a franquia, mas somente hoje entrei numa loja e comprei algo por lá. Vindo da BNF, com bastante fome, já eram quase 8 horas da noite (mas que ainda é dia, por conta do horário de verão), eu e Cristiane entramos e descobrimos ali uma imensidade de coisas muito boas para levar para casa e não perder tempo no fogão. Tem de tudo: legumes congelados, pães pré-assados, quiches, tortas, pizzas etc. Sem preocupação com gorduras trans. A fome não nos deixou sair de lá sem nada nas mãos, mas conseguimos resistir aos doces. E o preço é bom: duas tortinhas por 2,20 euros.
sábado, 19 de abril de 2008
Esperamos que seja mulher
Em seguida, fomos jantar em um restaurante marroquinho: comida, vinho e ambiente marroquinhos. Mas eu, para experiência, resolvi comer paella ao invés de couscous. Talvez tivesse acertado mais se tivesse escolhido a comida típica deles; mas é um bom lugar para voltar mais tarde, porque ele é, de fato, bem barato para os padrões parisienses. O couscous parecia apetitoso.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Um dia de cão
Plano inicial: estudar o dia inteiro. Até às 14h na BNF e depois deste horário em casa. Mas as coisas não correram exatamente como eu planejava. Acordei atrasada, saí de casa correndo, cheguei com 45 minutos de atraso na biblioteca (a tolerância para não perder o lugar é de 1 hora). Na saída, às 14h, vou desmontar meu acampamento e - malditas tomadas francesas (foto acima, à esquerda) - o adaptador (mesma foto, à direita) do meu computador ficou emperrado na tomada da mesa. No início tentei ser discreta para tentar tirá-lo de lá, mas foi impossível. Tentei de todo jeito, mas o negócio começou a machucar minha mão. Uma moça que estava sentada próxima a mim se levantou e veio me ajudar: nós duas, juntas, cada uma de um lado forçando o tal do adaptador para ver se ele saída da tomada... (isso tudo dentro da biblioteca nacional da França!) Depois de alguns minutos, ufa, finalmente tiramos. Morrendo de vergonha, joguei tudo dentro da pasta correndo e saí de lá. No vestiário, para a troca de bolsas (não é possível entrar com bolsa pessoal nas salas de pesquisa), eis que eu esqueço o adaptador na pasta da BNF e só percebo ao chegar em casa.
Lá fui eu atrás de um outro adaptador para o computador. Andei por várias lojas e só encontrei um na FNAC: quase 10 euros. Me doeu, mas tive de pagar, senão ficaria sem computador. Para tentar relaxar, resolvi passar numa loja barata e comprar uma blusinha: prova daqui, prova dali, escolhi uma. Mas nesse prova-prova, o meu brinco caiu em algum momento e não percebi; aliás, só percebi quando cheguei em casa e me vi com um único brinco.
Queria ter um dia tranqüilo amanhã.
terça-feira, 15 de abril de 2008
Transporte Público
O sistema de transporte público daqui é extremamente eficiente. Além de uma rede de metrô e trens muito ampla e com horários precisos, os ônibus são confortáveis e sem complicações. Se formos pegar um ônibus em São Paulo (e na maioria das cidades grandes do Brasil) e tivermos de parar em algum lugar que não conhecemos, a informação que teremos é mais ou menos assim: "Depois da rua tal, você desce no terceiro ponto de ônibus. Pede pro motorista te dizer direitinho onde você tem que descer". E lá vai o passageiro pedir para o motorista parar perto da farmácia, ou do supermercado ou da lojinha do seu Manoel. Aqui, em cada parada, há um letreiro mostrando quanto tempo falta para o ônibus passar. Dentro de cada ônibus, há um mapa do itinerário com os nomes de todos os pontos em que irá parar. Assim, temos de nos localizar por nome de parada (como acontece com os metrôs). É muito fácil e evita uma série de inconvenientes dentro do transporte público.
No entanto, há horário certo para cada ponto. Hoje, na volta, o ônibus parou em frente a uma escola e, no momento em que ele estava partindo, uma batida em sua lateral: uma menina pedindo para o motorista esperar que vinha mais alguém para embarcar. O motorista nem titubeou: fechou a porta e partiu.
sábado, 12 de abril de 2008
Complexo de Vira-Latas
Tenho percebido um pouco, aqui na Maison, o quanto a casa nos serve de refúgio: aqui estamos na nossa casa, num família, falamos a nossa língua e mantemos os nossos hábitos. Não é um sentimento explícito de todos, mas percebo que a grande maioria se sente bem e gosta de estar entre brasileiros por uma reciprocidade cultural.
Artes Asiáticas
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Carte de Séjour (2)
Estava eu preenchendo as fichas rapidamente, nervosa, com letra trêmula, quando fui chamada. A nova atendente (uma mocinha) pediu todos os meus documentos, viu a carta do professor e perguntou: "Você não tem inscrição em universidade na França?". Eu falei que formalmente não. Não sei por que cargas d'água eles implicaram comigo por conta disso, se conheço várias pessoas que não têm inscrição em universidade daqui. Enfim, ela completou o dossiê e disse para eu esperar ser chamada no outro guichê para marcar o exame médico. Fiquei contente, achando que finalmente tinha passado pelo crivo da documentação.
Passados alguns bons minutos, ela me chama novamente. Disse que seria preciso uma inscrição em Aix-en-Provence, caso contrário eu não poderia fazer a carte de séjour. Não entendi bulhufas. E eis que acontece a mesma coisa da outra vez: mudança de argumento. Não, é preciso uma carta de aceitação da universidade de Aix-Marseille, especificando que o estágio de doutorando é lá, mas que estou em Paris para pesquisa (grande descoberta!).
Nessas horas, maldita é a sensação de ser estrangeira: não ter argumentos bem formulados na língua, que fica muito mais difícil por não ser a nossa; não saber exatamente quais são os nossos direitos; não ter um esclarecimento a respeito dos critérios. Quanto tempo demorou essa brincadeira? 2 horas.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
"Non manuscrite"
terça-feira, 8 de abril de 2008
BNF
Na BNF fui muito bem atendida, tanto pelo senhor que me indicou onde deveria fazer a carteirinha quanto pelo funcionário que fez a entrevista comigo. Sem muita burocracia, a sua confecção foi rápida e me dá acesso a um sem-número de documentos importantes para a pesquisa a que me propus fazer aqui.
Já quanto ao Passe Navigo, pensei que seria mais complicado: depois daquela senhora que se zangou porque eu não a compreendia, resolvi pedir o passe pela internet (sugestão de um ex-residente). Enfim, passado um mês, o passe ainda não tinha chegado. O uso desse passe significa uma boa economia com os transportes aqui, sem sovinices. E no mês que não o tinha em mãos, fui obrigada a dispor de um bom dinheiro para andar nos metrôs e ônibus. Fui, receosa, a um outro posto, perto daqui da Cité U. O senhor não foi necessariamente um exemplo de simpatia, mas resolveu muito rapidamente o problema, fez o passe em minutos e solucionou parte das minhas preocupações: assim como eu o entendi perfeitamente, ele também me compreendeu (e eu nem gaguejei)! Consigo mensurar a habituação à língua pela quantidade de "pardon" que solto num dia. Hoje, por exemplo, nem um único. Ufa!
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Bom dia, neve!
Surpresa hoje ao acordar. Abri minha cortinha e ei-la: a neve estampando os telhados das casas da Cité U e os seus gramados. Tudo branquinho, lindo! É claro que eu bati algumas fotos deste momento tão inusitado, em plena primavera de abril em Paris!
Se na semana passada fazia uma temperatura agradável e amena, de 13 ou 14 graus, esta manhã consta 1 grau, segundo o site de metereolgia meteo-Paris. A queda de temperatura chegou neste final de semana, mas no sábado ainda estava cerca de 9 a 10 graus. Ontem ocorreu uma boa queda: 5 graus pela tarde. Hoje, então, nem se fala. Resultado disso tudo: nem um narizinho pra fora da porta de casa.
domingo, 6 de abril de 2008
Liberté
Impressões
sábado, 5 de abril de 2008
Tulipas no lugar dos Gladiadores
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Notre Dame
terça-feira, 1 de abril de 2008
Carte de Séjour
Minha teoria: eu acho que, pela grande demanda, eles têm o procedimento de refutar alguns pedidos para distribuir o número de protocolos por dia. E, para tal, criam argumentos, sem qualquer critério claro. Digo isso porque fui com todos os documentos exigidos e suas devidas fotocópias para evitar contratempos.
Antes de mim, a senhora atendeu um casal (ele, acho, francês ou com o francês fluente e ela, uma estudante oriental). O comprovante de residência dela era apenas uma carta que eles provavelmente imprimiram do e-mail, sem assinatura. Isso foi suficiente para a recusa dos documentos e um bate-boca bem à moda francesa: ele cochichando qualquer coisa incompreensível para mim e ela falando em meio-tom, mas visivelmente nervosa e repetindo sempre o mesmo argumento: não é o original, precisamos do original; com um sorriso nervoso no rosto.
Chegou a minha vez: a mulher ainda estava muito nervosa e resolveu encrencar com a minha carta. Dizia ela que era preciso a carteirinha de estudante. Eu bem sei que não é preciso, pois isso é bem comum aqui na Maison: o doutorando está vinculado a um grupo de pesquisa, mas sem a inscrição na instituição. Eu falei que já tinha sido aceita pelo grupo de pesquisa e lá iria trabalhar. Então, ela viu a carta da CAPES especificando que a minha instituição é em Aix-en-Provence. Daí mesmo que ela não entendeu nada. Eu disse que, embora a minha co-orientadora seja de Aix, eu vim trabalhar com o grupo de pesquisa tal aqui em Paris, pois este é o interesse de minha pesquisa. Ela saiu duas vezes para falar com o responsável e voltou afirmando que eu precisava da carteirinha de estudante. Eis que, de repente, ela resolver aceitar aquela situação, mas com um argumento um tanto estranho: a carta está manuscrita, é preciso que ela esteja digitada. No mesmo instante, ela organizou a papelada toda, marcou um outro encontro para a próxima terça-feira e me dispensou... aos poucos ela foi se acalmando e não foi, em nenhum momento, grosseira comigo. Mas utilizar um argumento desses é dureza.
Dureza mesmo é saber que o professor responsável pelo grupo deve ter viajado hoje e só volta na próxima terça.