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sábado, 1 de agosto de 2015

Machu Picchu - Introdução


Eu poderia ficar ali sentada, olhando tudo aquilo, por horas e horas -- a despeito do sol forte e do calor de quase meio-dia. Eu poderia voltar muitas vezes. Reverenciar a cultura inca, o sol, as montanhas e toda aquela exuberante natureza, cravada no meio dos Andes. Poderia. 

Para quem planejou visitar Machu Picchu há quase trinta anos, algumas horas no parque é muito pouco. Uma foto não é nada. Mas chegar lá é muito

Precisa de legenda?

Há muito eu ensaiava essa viagem. Tinha lido sobre Cusco e sobre Machu Picchu ainda muito pequena, e sonhava conhecer o mistério que envolve a região, a cultura e as crenças dali. Sabia da altitude, embora nem imaginasse os reais efeitos que ela provoca na gente, quando a gente tenta subir uma escada e não consegue. Sabia de toda a grandiosidade do lugar, mas não sabia a dimensão disso para o povo peruano, tampouco conhecia os detalhes que o envolvem. 


A cabana, de onde se tem uma excelente vista do parque

Foram dois dias de expectativas, andando pelo Valle Sagrado, adorando tudo, mas querendo realmente chegar em Machu Picchu. Depois do Ollantaytambo, pegamos o trem para Águas Calientes, onde dormimos ansiosos para o dia seguinte. Com o pé machucado, um calo enorme no calcanhar, que já estava bastante inchado, andar seria um desafio. Mas eu tinha ido até ali, estava tudo pronto. Desistir? Jamais. Passei na farmácia, comprei um emplastro com anti-inflamatório, lavei bem a ferida e fiz um curativo bem quebra-galho.


Foto clássica: eu e um sonho
17 de julho de 2015, sexta-feira: acordamos às 4h da matina. O combinado com o guia era irmos ao ponto de ônibus às 5h, de onde subiríamos até a entrada o parque. Alta temporada. Não poderíamos deixar passar um minuto, porque tudo nessa época é extremamente disputado por ali. Quando chegamos no ponto, a fila para o ônibus já estava grande. E ficou enorme depois. Os ônibus começam a sair para Machu Picchu às 5h30 em ponto (abre às 6h o parque), e todos desejam chegar nas primeiras horas para ver o sol nascer entre as montanhas.

Huayna Picchu ainda sob neblina nas primeiras horas do dia

Mas Machu Picchu, sabendo de toda aquela minha ansiedade, não queria se mostrar tão rápido assim. Dizia-me ela que esperasse mais um pouco. Não foram quase trinta anos? Que são alguns minutos a mais ou a menos? Subindo a montanha, do ônibus, não se via nada senão nuvens. Tudo escuro. Ao chegar na portaria, uma fila enorme e completamente bagunçada. Guias e guias, turistas de todas as partes do mundo, uma horda desejando... e Machu Picchu completamente escondida, como ficou por séculos antes de Hiram Bingham

Um pedaço da trilha inca eu fiz
Só aos poucos aquela névoa começou a se dissipar. O sol foi aparecendo por trás das montanhas, desenhando seus raios entre as janelas e restos da cidade mais famosa do Império Inca. Huayna Picchu (aquela montanha pontuda que se tornou símbolo do parque) finalmente começa a se desenhar com precisão. Então, ali diante de mim, estava finalmente a minha Machu Picchu. 

terça-feira, 28 de julho de 2015

Valle Sagrado - Introdução

Entre as montanhas dos Andes peruanos, corre um rio, o Urubamba, que segue seu rumo até formar, na floresta (junto a outros rios), o rio Amazonas, e marca aquele que é chamado de Valle Sagrado dos Incas

O vale reserva muitas belezas. E muitas surpresas. Um rápido passeio de um dia pode apresentar algumas das principais cidades incas, ou postos de abrigo, ou santuários. Mas o certo é que o viajeiro que se aventurar por ali irá se alternar entre olhar toda aquela natureza exuberante e tentar compreender a civilização inca -- que não era boba nem nada e construiu seu império bem ali no meio dos Andes, antes de chegar na floresta tropical.  


Valle Sagrado

Contratei um guia local já aqui do Brasil, o Rafael Choque García, seguindo indicações do excelente Sunday Cooks, e agendei passeios para três dias: dois destinados a conhecer alguns lugares do Valle Sagrado, e o terceiro já antecipando o guia de Machu Picchu. Por que dois para o Valle? Porque era o que dava para pagar. Não queria fazer um passeio super corrido pelo Valle em apenas um dia, mas também não tinha como sustentar guia e transporte por três dias pelas principais ruínas, como já fizeram outros blogueiros. Em dois dias, no entanto, foi possível ver (quase) todos os sítios destinados no boleto turístico (um boleto que dá direito a entrada nas ruínas). 

Valle Sagrado e o Rio Urubamba

Nosso roteiro ficou assim, portanto:

1º dia: Saqsayhuamán, Q'enqo, Pukapukara, Tambomachay e Pisac;
2º dia: Chinchero, Moray, Salineras de Maras e Ollantaytambo (de onde pegamos o trem para Aguas Calientes);
3º dia: Machu Picchu!

O que não visitamos: Tipón e Pikillacta, que compõem o que eles chamam de Valle Sur. Depois, até tentamos ir, mas contratempos impediram-nos de desbravar a parte ao sul de Cusco. 


Chinchero

Decerto que deixamos de ver algumas coisas, mas a contratação de um guia apenas para duas pessoas rendeu muito bem. Especialmente porque no primeiro dia estávamos com sintomas do tal soroche e pudemos adiantar nosso retorno a Cusco (depois de um dia inteiro caminhando debaixo de um sol forte e a uma altitude de quase 4 mil metros). Inclusive, para minha felicidade, conseguimos driblar grande parte da horda de turistas que invade Peru nessa época com horários alternativos às chegadas dos ônibus de excursões. Tudo isso negociado com Rafael que, além de propor horários e percursos alternativos, nos explicava detalhes dos lugares e da cultura que ali se projetou. 

E, finalmente, o Valle em Ollantaytambo

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Cusco - Introdução

Plaza de Armas (Igreja jesuíta ao fundo)
Muita gente passa por Cusco apenas para ir para Machu Picchu, o parque arqueológico mais conhecido das Américas. Não à toa, a cidade perdida dos Incas é visitada por quase 3 mil turistas todos os dias, disputada a cada clique. 

Mas Q'osqo, em Quéchua, denominada assim por ser considerada, pelos Incas, como "o umbigo do mundo", reserva muito mais para o turista. Seja pelas marcas incas em todos os lugares, seja pelo hibridismo entre esta cultura e a espanhola, ou simplesmente para aproveitar suas ruinhas, lojinhas de artesanatos e restaurantes diversos. 

Vale, portanto, se deixar encantar pela cidade por alguns dias, com calma. Ficamos na região oito dias, dos quais três foram dedicados ao Valle Sagrado e a Machu Picchu. 



Balcão de casarão colonial espanhol

O centro da cidade é a Plaza de Armas, em torno da qual estão reunidos muitos hotéis, bares, restaurantes, cafés, lojinhas, ambulantes, agências de passeios, além das belíssimas e barrocas Catedral e Igreja Jesuíta. É também um lugar de encontro dos cusquenhos: no tempo em que ficamos lá, vimos desfiles na praça praticamente todos os dias. Desfile cívico, escolar, religioso, militar, a favor da paz, de dança. Muita, muita movimentação por ali. 


Bandeira peruana hasteada na praça

Mas a cidade não se resume à praça, obviamente. San Blas é um bairro que reserva algumas boas surpresas, e que fica colado ao centro. Suas ruazinhas sinuosas, desenhadas entre ladeiras difíceis de subir nos 3300 metros de altitude, e cheia de casinas brancas com janelas azuis, é um reduto dos artistas e artesãos de Cusco. Na praça de San Blas, aos sábados, ocorre uma feirinha de artesanato bacana, com preços bem mais em conta do que a lojinhas caça-turistas da Plaza de Armas.   

Crianças brincando na Plaza de Armas

Apesar de ter um porte médio (cerca de 500 mil habitantes, segundo o taxista), os principais pontos de visitação ficam próximos uns aos outros, o que facilita bastante: andar por Cusco é o melhor meio de transporte. É preciso se acostumar à altitude. Verdade. O fôlego falta, o passo fica lento, a respiração difícil, o estômago reclama. Sim, tive o tal soroche, o mal de altitude, mesmo tomando chá de coca e mascando a folha. Inclusive por isso, não subestime Cusco. 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

The next one

Machu Picchu early morning by Charlesjsharp (CC BY-SA 3.0)

Preparando a próxima viagem. 
Por poucos dias, mas fruto de uma vontade que cresce comigo desde os tempos mais remotos. Foram anos e anos cobiçando ir pra lá, pra Cusco e pra Machu Picchu. 
Quase tudo pronto: passagens, hospedagem em Cusco e em Águas Calientes, ingressos para o parque comprados aqui, bilhetes de trem para Águas Calientes comprados pela Incarail, reserva de passeios privados guiados pelo Valle Sagrado e por Machu Picchu por esta agência
E muitas informações de viagem obtidas nos blogs: este, este e este

*

Nem falei direito da última viagem, para a Rota Ecológica, que ainda ecoa na memória.  

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Um porto pra mim...

Quero um porto onde eu me sinta livre e leve. Todo mundo quer. Em meio a uma natureza deslumbrante e praticamente selvagem, a Rota Ecológica, em Alagoas, oferece esse porto: pequeno vilarejo chamado Porto de Pedras, logo após São Miguel dos Milagres. 

Piscina natural da Praia do Patacho
É difícil dizer qual é a praia mais bonita da região. São 40 km de praias de águas cristalinas e mornas. E o melhor de tudo: praticamente desertas. 

Praia de Lages
De todos os lugares do nordeste que até agora eu visitei (alguns, em vários estados, mas não muitos), este foi -- definitivamente -- o mais bonito. Deixou João Pessoa para trás fácil, fácil. 

Não bastasse a beleza do lugar, é impossível não se sentir acolhido na região. O povo é comunicativo, gosta de conversar, contar causos, não se acanha em fazer favor e, melhor ainda, a Rota é uma região com excelentes pousadas e restaurantes.  

Vista da Pousada Villages
Por enquanto, algumas fotos. Depois, conto mais coisas do lugar, que merece ser descoberto com calma: sem exploração turística e especialmente sem invasão de resorts. Acho que, do jeito que está, é perfeita. 

Praia de Lages na maré baixa

Piscina natural

Moradora da região

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Paraíso


Eis o paraíso. Depois conto mais.