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terça-feira, 28 de julho de 2015

Valle Sagrado - Introdução

Entre as montanhas dos Andes peruanos, corre um rio, o Urubamba, que segue seu rumo até formar, na floresta (junto a outros rios), o rio Amazonas, e marca aquele que é chamado de Valle Sagrado dos Incas

O vale reserva muitas belezas. E muitas surpresas. Um rápido passeio de um dia pode apresentar algumas das principais cidades incas, ou postos de abrigo, ou santuários. Mas o certo é que o viajeiro que se aventurar por ali irá se alternar entre olhar toda aquela natureza exuberante e tentar compreender a civilização inca -- que não era boba nem nada e construiu seu império bem ali no meio dos Andes, antes de chegar na floresta tropical.  


Valle Sagrado

Contratei um guia local já aqui do Brasil, o Rafael Choque García, seguindo indicações do excelente Sunday Cooks, e agendei passeios para três dias: dois destinados a conhecer alguns lugares do Valle Sagrado, e o terceiro já antecipando o guia de Machu Picchu. Por que dois para o Valle? Porque era o que dava para pagar. Não queria fazer um passeio super corrido pelo Valle em apenas um dia, mas também não tinha como sustentar guia e transporte por três dias pelas principais ruínas, como já fizeram outros blogueiros. Em dois dias, no entanto, foi possível ver (quase) todos os sítios destinados no boleto turístico (um boleto que dá direito a entrada nas ruínas). 

Valle Sagrado e o Rio Urubamba

Nosso roteiro ficou assim, portanto:

1º dia: Saqsayhuamán, Q'enqo, Pukapukara, Tambomachay e Pisac;
2º dia: Chinchero, Moray, Salineras de Maras e Ollantaytambo (de onde pegamos o trem para Aguas Calientes);
3º dia: Machu Picchu!

O que não visitamos: Tipón e Pikillacta, que compõem o que eles chamam de Valle Sur. Depois, até tentamos ir, mas contratempos impediram-nos de desbravar a parte ao sul de Cusco. 


Chinchero

Decerto que deixamos de ver algumas coisas, mas a contratação de um guia apenas para duas pessoas rendeu muito bem. Especialmente porque no primeiro dia estávamos com sintomas do tal soroche e pudemos adiantar nosso retorno a Cusco (depois de um dia inteiro caminhando debaixo de um sol forte e a uma altitude de quase 4 mil metros). Inclusive, para minha felicidade, conseguimos driblar grande parte da horda de turistas que invade Peru nessa época com horários alternativos às chegadas dos ônibus de excursões. Tudo isso negociado com Rafael que, além de propor horários e percursos alternativos, nos explicava detalhes dos lugares e da cultura que ali se projetou. 

E, finalmente, o Valle em Ollantaytambo

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Cusco - Introdução

Plaza de Armas (Igreja jesuíta ao fundo)
Muita gente passa por Cusco apenas para ir para Machu Picchu, o parque arqueológico mais conhecido das Américas. Não à toa, a cidade perdida dos Incas é visitada por quase 3 mil turistas todos os dias, disputada a cada clique. 

Mas Q'osqo, em Quéchua, denominada assim por ser considerada, pelos Incas, como "o umbigo do mundo", reserva muito mais para o turista. Seja pelas marcas incas em todos os lugares, seja pelo hibridismo entre esta cultura e a espanhola, ou simplesmente para aproveitar suas ruinhas, lojinhas de artesanatos e restaurantes diversos. 

Vale, portanto, se deixar encantar pela cidade por alguns dias, com calma. Ficamos na região oito dias, dos quais três foram dedicados ao Valle Sagrado e a Machu Picchu. 



Balcão de casarão colonial espanhol

O centro da cidade é a Plaza de Armas, em torno da qual estão reunidos muitos hotéis, bares, restaurantes, cafés, lojinhas, ambulantes, agências de passeios, além das belíssimas e barrocas Catedral e Igreja Jesuíta. É também um lugar de encontro dos cusquenhos: no tempo em que ficamos lá, vimos desfiles na praça praticamente todos os dias. Desfile cívico, escolar, religioso, militar, a favor da paz, de dança. Muita, muita movimentação por ali. 


Bandeira peruana hasteada na praça

Mas a cidade não se resume à praça, obviamente. San Blas é um bairro que reserva algumas boas surpresas, e que fica colado ao centro. Suas ruazinhas sinuosas, desenhadas entre ladeiras difíceis de subir nos 3300 metros de altitude, e cheia de casinas brancas com janelas azuis, é um reduto dos artistas e artesãos de Cusco. Na praça de San Blas, aos sábados, ocorre uma feirinha de artesanato bacana, com preços bem mais em conta do que a lojinhas caça-turistas da Plaza de Armas.   

Crianças brincando na Plaza de Armas

Apesar de ter um porte médio (cerca de 500 mil habitantes, segundo o taxista), os principais pontos de visitação ficam próximos uns aos outros, o que facilita bastante: andar por Cusco é o melhor meio de transporte. É preciso se acostumar à altitude. Verdade. O fôlego falta, o passo fica lento, a respiração difícil, o estômago reclama. Sim, tive o tal soroche, o mal de altitude, mesmo tomando chá de coca e mascando a folha. Inclusive por isso, não subestime Cusco.