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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

À la fin

E eis a derradeira postagem, com o meu último dia desta temporada em Paris. Só como um agrado, a capital francesa me reservou uma última neve. Foram exatas 287 postagens neste blog, que com meu retorno ao Brasil não fará mais sentido. As fotos ficarão aí, no entanto, para a manutenção da saudade. Na contabilidade expressa, foram cerca de 11 viagens pelas terras européias (mas, creiam os incrédulos, eu não vim fazer turismo); dias a fio na Biblioteca Nationale de France; mais de 50 livros, entre os fichados e lidos; incontáveis fotos da Torre Eiffel, dos prédios parisienses, do Sena, da Notre Dame e outros lugares que me agradam muito. Vou sentir falta de Saint-Michel e do sorvete Amorino. Aprendi a andar de metrô pelo emaranhado de Paris e região; visitei algumas regiões periféricas, entre elas Saint-Denis e La Défense; fiz um curso de francês equivalente ao que já tinha feito na Aliança Francesa e conheci alguns franceses (e outras pessoas de outras nacionalidades) muito bacanas. Foi, enfim, um ano muito intenso, repleto de surpresas e desassossegos de uma vida provisória. Volto para os meus, para os afazeres e compromissos em terras tropicais. Antes, no entanto, quero deixar uma pequena homenagem ao cotidiano de Paris. Pareceu-me, depois que ficou pronto, um vídeo do sistema de transporte parisiense; mas não é. Foi uma tentativa de registrar a vida cotidiana daqui...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Francesinha

Foi com muita tristeza que hoje me despedi de Elisabeth, a francesa mais brasileira que eu já conheci. Ela foi comigo e com Rosangela na exposição do Prévert e, depois, andamos um pouco pelo centro da cidade. Foram muitas as vezes em que nos encontramos, saímos, festejamos coisas diversas e jantamos (ela foi a herança mais valiosa deixada pela baianinha Cris). Sei que voltarei a encontrá-la - seja aqui mesmo em Paris, seja no Brasil, seja virtualmente. Mas esse processo de separação, principalmente daquilo que a gente não tem a certeza do reencontro, é muito difícil.

Jacques Prévert

Eu conhecia Jacques Prévert pelo filme Les enfants du Paradis. Mas sabia pouco, muito pouco sobre o roteirista, poeta, ator e artista. Hoje fui ver a exposição Jacques Prévert, Paris la Belle, que está no Hôtel de Ville (gratuita). Ele viveu grande parte de sua vida em Paris, praticamente dedicou à cidade sua arte e teve estreitos laços com os vanguardistas do Surrealismo. Tendo assinado roteiro de muitos filmes a partir da década de 30, o da animação abaixo chamou minha atenção, pois não sabia que ele também dedicou parte de sua arte aos pequenos (ele escreveu livros infantis, inclusive poesia para crianças). Segue Le Petit Soldat (O soldadinho), filme de Paul Grimault com roteiro de Prévert:

Despedida profissional

Ontem o profissionalismo entrou na cozinha do 5º andar: Higor e Gysa foram os crepeiros para o jantar de minha despedida e do Campos. Foram aproximadamente 86 crepes - entre salgados e doces - para 26 pessoas. Contando com muita agilidade, paciência e bom humor, os dois aguentaram o tranco de ficar com a barriga encostada no fogão por horas a fio. Afinal de contas, crepe precisa ser esquentado um a um. Depois, tive de chamar o Campos para um discurso de final de séjour (ele que sempre gostou de colocar todo mundo na enrascada) e, enquanto ele chorava de emoção (segundo o próprio Campos, ele chora até em reunião de condomínio), todo mundo gargalhava de tanto rir. Há algumas fotos do jantar no álbum. Todas elas foram batidas pela Cristina.
Crédito da foto: Cristina Marins.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ops!

Pelo jeito, a confusão está instaurada não somente no meu quarto, com malas e cacarecos espalhados por tudo. Acabei já colocando o sentimentalismo barato de despedida antes de continuar minhas impressões de Madri. Como falei, não tenho muito mais coisas para postar sobre lá porque ficamos grande parte do nosso tempo dentro dos museus; mas andamos por todo o centro da capital. Limpa, organizada e nova (é visível a construção recente dos prédios, pois a cidade foi praticamente toda destruída na Guerra Civil, em 1936), é possível fazer toda a parte turística a pé. Ponto positivo, sem perder tempo em baldeações de metrô nem querendo descobrir qual o itinerário do ônibus. Mas isso provocou-me uma lesão no pé esquerdo - até agora enigmática para mim - e mal consigo andar. Sei, no entanto, que essa lesão não foi resultado de calçamentos ruins ou paralelepídedos desregulares, pois não há por lá. Foi provocada, provavelmente, pela insistência em ficar das 8h da manhã às 10h da noite andando...

Vidas, vindas e idas



Sim, esta é a minha última semana em Paris. Sem conseguir me concentrar no trabalho de forma adequada e contínua, levo meus pensamentos às lembranças diversas, da vida vivida aqui e daquela no Brasil. Não dá para comparar, definitivamente, uma vez que são momentos e fases distintos. Mas pensando no que vou sentir falta da França, posso ser bastante franca: dos vinhos, dos queijos, dos pães, das bibliotecas, dos teatros, dos museus, do Montsouris, das viagens, do sistema de transporte coletivo eficiente (embora nada cheiroso) e das amizades feitas aqui. E o contrário? O que no Brasil me faz tanta falta? Quando chegar quero devorar uma melancia inteira! Quero também: feijão preto com carne seca, sol para meu corpo produzir vitamina D, pizza de pesto e de alcachofra do Santa Fé, chopp gelado, meu cachorro. Quero voltar a fazer caminhada no final de tarde pelas ruas de Barão Geraldo, poder reunir os amigos para um café da tarde, um jantar ou uma pizzada, andar na praia e sentir o calor tropical. São duas vidas muito diferentes: a daqui, intensa; a de lá, cotidiana e sem pressa. Saudade eu sinto das duas, já, nessa fase de transição. De travessia.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Ecletismo cultural

O Museu Thyssen-Bornemisza (foto acima) teria passado despercebido por mim se não fosse Rosangela insistir para entrarmos. Depois de tê-lo visto, acho que ele deveria ser incluído na lista de passeios de Madri de qualquer um que goste de arte: a coleção é eclética suficiente para agradar a qualquer gosto. Além disso, o museu possui uma exposição interessante e raramente vista das obras, a cronológica. Assim, partimos da Idade Média e fazemos um passeio pelas diversas expressões artísticas até o contemporâneo; apresentação didática para quem quer aprender um pouco sobre a história da arte ocidental. E muito boa para mim, que sou leiga; aliás, meus passeios pelos museus foram enriquecidos pela presença de Rosangela, que estuda justamente a história da arte e me deu algumas aulas sobre as épocas, as estéticas, as variantes, os artistas.

Madrileña

Para fechar o ano por esses lados de cá, Madri fechou com chave de ouro. A viagem foi ótima, com direito a dois intensos (frios e ensolarados) dias de passeios e visitas aos principais museus da cidade: Museu do Prado, Centro Cultural Rainha Sofia e Museu Thyssen-Bornemisza - e ainda, de quebra, uma super exposição de Francis Bacon no Prado. Viagem intensa e, por isso, bastante cansativa. Em dois dias tivemos uma imersão cultural em tais museus: vimos Guernica, do Picasso; O jardim das delícias, do Bosch; as Pinturas Negras, do Goya; As meninas, do Vélasquez dentre tantas outras grandes obras expostas nos museus madrilenhos. Por conta disso - do grande número de horas dentro dos museus -, quase não há fotos da capital espanhola. Algumas já estão disponíveis no álbum.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sentimental

Estou muito sentimental por esses dias, com uma beiradinha na pieguice. Pois é, e foi ouvindo uma música cantada por Mônica Salmaso (Na volta que o mundo dá) que eu pensei nisso tudo. Já começo a me despedir de alguns amigos; da cidade, então, nem se fala. E foi com toda essa carga melodramática - e querendo pôr a música neste blog - que eu fiz o vídeo abaixo. Uma reunião de vários momentos vividos por aqui.

Presque à la fin

Quase no fim. Amanhã faz 11 meses que cheguei em Paris - e falta pouco mais de uma semana para eu voltar ao Brasil. Mas antes de eu começar a fazer postagens lamuriosas de despedida da cidade luz, vou dar um "pulinho" em Madrid. Vamos eu e Rosangela amanhã e voltamos no domingo. Uma última viagem antes de eu embarcar para a terrinha. Segunda-feira estou de volta, com postagens sobre a capital espanhola (espero não ter nenhuma crise criativa, como aconteceu com Portugal).

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Paradoxos linguísticos

O contato com uma língua estrangeira, para mim, é sempre um enigma. Por exemplo: se eu ouço um programa em francês no rádio ou na TV eu entendo praticamente tudo. Se vou a alguma palestra ou aula, se dá o mesmo processo de compreensão. Idem para a leitura. No entanto, a reprodução é sempre um pouco mais complicada (e, por consequência, a culpa por não ter conseguido dizer o que realmente queria dizer é sempre imensa). Penso nisso porque hoje foi o exame final do curso de francês: prova muito difícil. Não sei se eu estava com problema crônico de concentração ou se as questões estavam descontextualizadas. Ô dificuldade para entender o que eles queriam que respondêssemos. E teve também a prova oral, semana passada. Comentário da professora: "No conjunto vocês foram bem". Depois olha pra mim e fala: "Sim, o seu tema foi o mais difícil de todos". Enigmático e nada encorajador. No entanto, no Castelo de Vincennes, no domingo, o guardinha: "Ah, mas você tem o sotaque muito próximo do parisiense". Vai entender essa relação paradoxal que temos com a língua estrangeira.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Minha querida amiga, a neve

Sim, hoje ela deu o ar de sua graça novamente! O parque da Cité Universitaire voltou a ficar branquinho de neve; a sacada do meu quarto com um montinho de flocos pela manhã. No entanto, chove fino e logo logo ela vai-se embora, deixando resquícios nada gratificantes: o gelo escorregadio que se mistura à lama dos calçados. A beleza é imediata, mas saindo a maquiagem aparece a triste face.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Das alturas

Último final de semana em Paris e também último primeiro domingo do mês. Eu e Rosangela fomos aproveitar nossa última oportunidade de visitar lugares turísticos gratuitamente. Além de irmos ao Château de Vincennes - antigo lugar de caça dos reis e residência temporária antes da construção de Versailles -, também subimos no Arco do Triunfo e na torre da Notre-Dame para ver como Paris se comporta quando vista de cima. Linda, indescritivelmente linda. A idéia era irmos apenas ao Arco do Triunfo, mas como ainda nos restava um tempo, resolvemos arriscar e conseguimos subir na torre da Notre-Dame (fomos as penúltimas a entrar na fila!). Depois ainda voltamos para o Arco do Triunfo para ver a Torre Eiffel brilhar. Somando tudo, subimos - por baixo - 948 degraus, sem contar os do Château de Vincennes: 284 x 2 do Arco do Triunfo mais 380 da Notre Dame. Além disso, enfrentamos um frio que há alguns dias já não fazia mais por aqui. Algumas fotos do dia no álbum.