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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A história do fiscal do trem

Freiburg im Breisgau, Alemanha. De lá, pegamos um trem para Titisee, no meio da Floresta Negra. Como sempre, tudo foi feito correndo, às pressas. Chegamos atrasados na estação, precisando de trocado para comprar os bilhetes do trem (as máquinas não aceitam nota maior de 20 euros). Sobe escada, troca dinheiro, volta, compra os bilhetes correndo... e agora, para validá-los?

Na França e na Itália, ao entrar no trem, você precisa validar o bilhete. Caso não faça isso, a multa gira em torno de 40 euros. Acostumada com isso, procuro a maquininha para validar o tal do bilhete. Não encontro... o trem saindo já. Pergunto a uma moça, que simplesmente diz: "Entra, entra". 

O trem era regional, apenas 40 minutos de uma cidade a outra. Nada muito complicado, mas eu estava com o frio na barriga pensando no tal fiscal. Ainda comentei com o Alexandre que, caso o fiscal aparecesse, iríamos para outro vagão (estratégia francesa bastante utilizada). De repente, como num passe de mágica, o fiscal está ali, parado, ao nosso lado. F****, pensei. E agora? Correr? Fugir? Pagar 80 euros de multa? Implorar perdão? O fiscal olha o bilhete de um passageiro, ok; de outro, ok. Há uma moça ao lado do Alexandre. O bilhete dela estava com problemas. Não sei exatamente o que se passou, já que não entendo uma palavra de alemão. Só sei que o fiscal passou um sermão tenebroso naquela mulher, apontando-lhe o dedo em riste, sem alterar a voz, mas com autoridade que se permite ter. Durante todo aquele tempo, uns 5 ou 10 minutos, não consegui precisar o tempo que se passou, eu só fiquei pensando no sermão que levaríamos. Ele dirá tudo em alemão, não entendemos nada, será inútil reclamar no parco inglês que tenho... seremos expulsos do trem, nos será cobrada uma multa estratosférica... 

Terminado o sermão na mulher, o fiscal muito tranquilamente rasga o bilhete dela em pedacinhos, dá as costas e, como num conto literário, ele sai do trem. Olhares entre mim e Alexandre e risos abafados. Será possível?! Escapamos da fiscalização? Bom, então vamos, por segurança, para um vagão que ele já fiscalizou. Faltavam apenas duas estações para chegarmos em Titisee. Quando estávamos saindo, em pé defronte à porta do trem, olhamos o fiscal. Ops... fingimos que não era conosco. E saímos correndo do trem tão logo ele parou. Ufa! Escapamos de uma multa.

Na volta, eu comprei o bilhete e falei: eu vou validar isso daqui pra não correr risco nenhum. E então a descoberta: o bilhete não cabe na maquininha de validação. Como assim? Observando os outros passageiros, descobrimos que não era preciso fazer isso... não havia nada de errado conosco. Estresse à toa. Pode?

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