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terça-feira, 1 de abril de 2008

Carte de Séjour

Mais problemas burocráticos. Sabendo de antemão que a carte de séjour (documento de residente temporário em Paris) é uma coisa complicada, marquei um encontro com o coordenador do grupo de pesquisa para ontem. Como eu havia solicitado, ele escreveu a carta de aceitação especificando a data exata de minha estadia aqui. Com a carta do professor em mãos, fui contente e serelepe para a prefeitura de polícia dar entrada ao séjour (não sei exatamente, mas parece-me que há várias etapas).

Minha teoria: eu acho que, pela grande demanda, eles têm o procedimento de refutar alguns pedidos para distribuir o número de protocolos por dia. E, para tal, criam argumentos, sem qualquer critério claro. Digo isso porque fui com todos os documentos exigidos e suas devidas fotocópias para evitar contratempos.

Antes de mim, a senhora atendeu um casal (ele, acho, francês ou com o francês fluente e ela, uma estudante oriental). O comprovante de residência dela era apenas uma carta que eles provavelmente imprimiram do e-mail, sem assinatura. Isso foi suficiente para a recusa dos documentos e um bate-boca bem à moda francesa: ele cochichando qualquer coisa incompreensível para mim e ela falando em meio-tom, mas visivelmente nervosa e repetindo sempre o mesmo argumento: não é o original, precisamos do original; com um sorriso nervoso no rosto.

Chegou a minha vez: a mulher ainda estava muito nervosa e resolveu encrencar com a minha carta. Dizia ela que era preciso a carteirinha de estudante. Eu bem sei que não é preciso, pois isso é bem comum aqui na Maison: o doutorando está vinculado a um grupo de pesquisa, mas sem a inscrição na instituição. Eu falei que já tinha sido aceita pelo grupo de pesquisa e lá iria trabalhar. Então, ela viu a carta da CAPES especificando que a minha instituição é em Aix-en-Provence. Daí mesmo que ela não entendeu nada. Eu disse que, embora a minha co-orientadora seja de Aix, eu vim trabalhar com o grupo de pesquisa tal aqui em Paris, pois este é o interesse de minha pesquisa. Ela saiu duas vezes para falar com o responsável e voltou afirmando que eu precisava da carteirinha de estudante. Eis que, de repente, ela resolver aceitar aquela situação, mas com um argumento um tanto estranho: a carta está manuscrita, é preciso que ela esteja digitada. No mesmo instante, ela organizou a papelada toda, marcou um outro encontro para a próxima terça-feira e me dispensou... aos poucos ela foi se acalmando e não foi, em nenhum momento, grosseira comigo. Mas utilizar um argumento desses é dureza.

Dureza mesmo é saber que o professor responsável pelo grupo deve ter viajado hoje e só volta na próxima terça.

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