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segunda-feira, 5 de maio de 2008

Dois meses

Cheguei aqui há dois meses. Nesse tempo, qual o balanço de tudo? Vejamos:

- Lingüístico: estou mais acostumada a ouvir os parisienses, que falam deveras assoviado. Por outro lado, o meu , bonjour e merci estão irretocáveis. Ainda estou tentando me acostumar ao chépas (je ne sais pas).

- Geográfico: já passei por quase todos os arrondissements de Paris, mas não conheço nada da periferia. Sei andar de metrô e ônibus tranqüilamente, desde que não seja preciso passar pela estação Châtelet. Me localizo facilmente com a ajuda do Sena.

- Cultural: ainda não descobri muito bem os sebos, apenas os de culinária. Fui a poucos museus, mas Paris não se restringe a eles. Também fui ao balé e ao teatro; comprei poucos livros, sendo dois de receitas.

- Acadêmico: o trabalho começa a engrenar. Já estou acostumada aos procedimentos de entrada da BNF. Estou cada vez demorando menos entre a chegada e o início do estudo (varia de 15 a 20 minutos).

Brincadeiras à parte, fora as várias etapas de adaptação, a permanência em um país estrangeiro pode ser enriquecedora em vários aspectos. Paris é uma cidade paradoxal, como todas as grandes cidades: tem seu lado glamouroso que todo mundo conhece pelo menos de ter ouvido falar, mas também tem seus momentos difíceis. Possui uma oferta enlouquecedora de atrações culturais, turísticas e acadêmicas, mas por outro lado tem a dificuldade da demanda exagerada: para tudo é preciso se programar com muito tempo de antecedência.

Se por um lado não tenho a desvantagem de ser turista e estar por aqui apenas de passagem, afinal 1 ano é bastante tempo, por outro não tenho as vantagens de um residente definitivo da cidade, nem de um nativo. No entanto, há facilidades surpreendentes mesmo para estrangeiros: ajuda financeira para pagamento de aluguel, transporte barato com a aquisição do passe Navigo, entrada gratuita em vários museus todo primeiro domingo do mês, entrada gratuita em tantos outros museus (os municipais). Enfim, um sem-número de situações pelas quais é possível passar e aproveitar muito. Fora alguns momentos realmente complicados pela estatura de estrangeira-residente, as coisas estão fluindo bem, eu acho.

Academicamente, principal motivo pelo qual me encontro aqui, as coisas estão indo um pouco devagar ainda para o meu gosto. Mas em breve pretendo conseguir um ritmo digno; a idéia de poder aproveitar as bibliotecas de Paris se expande toda vez que olho o catálogo da BNF. Por outro lado, agora é época de exames e logo vêm as férias: por isso, ainda não consegui participar de nenhum encontro do grupo da Paris III. E provavelmente só depois de setembro.

O próximo balanço farei somente no final da minha estada por aqui, assim poderei comparar bem como eu cheguei e como saí. Espero que os pontos positivos sejam muito maiores que as desvantagens. Torcemos.

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