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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ilusão cômica

Optar por uma adaptação moderna de um texto clássico é sempre motivo para cuidados: com a linguagem, adaptação, anacronismos etc. A peça que fomos ver hoje, L'Illusion Comique, de Corneille (portanto, século XVII), foi adaptada parcialmente à contemporaneidade. No que tange aos cenários e aos figurinos; mas a linguagem se manteve fiel ao original: versos rimados e alexandrinos, cuja tonalidade era especialmente marcada na sexta sílaba poética. Isso não seria um grande problema, não fossem os longos monólogos das personagens em cena, que me provocaram um sono terrível no meio da peça. O tema me interessava: a pequena nuance que existe entre a comédia e a tragédia; o metateatro, quando uma trupe encena uma tragédia dentro da peça... mas enfim, será preciso ler o texto agora para compreendê-lo melhor.

Um comentário:

Elen disse...

Só um adendo, que queria muito ter falado mas ontem com sono e já tarde esqueci de postar. Na encenação, houve uma opção cênica muito interessante e especialmente bonita: o jogo de luzes, sombras e planos durante a peça. Havia um tablado brilhoso no chão, de forma que as personagens e cenários eram refletidos, formando uma espécie de continuidade da cena. As sombras por detrás de um vidro sujo (que ao longo do texto foi limpado) e a representação em planos, marcados pelo jogo de luz, foi muito interessante.
Além disso, a respeito da nuance entre tragédia e comédia, Corneille faz um "prefácio" explicando sua peça: "O primeiro ato não é nada mais que um Prólogo, os três seguintes compõem uma Comédia imperfeita, o último uma Tragédia, e tudo o conjunto costurado forma uma Comédia". Representativo, não?!